Vale a pena fazer suplementação com colágeno?

Uma das principais causas do envelhecimento é a perda do colágeno pelo organismo. A pele e os músculos ficam flácidos, a densidade dos ossos diminui, as articulações e os ligamentos perdem elasticidade e força motora. A perda de colágeno ocorre a partir dos 30 anos, quando o corpo passa a perder 1% da proteína ao ano. (OLIVEIRA et al., 2010; RODRIGUES, 2009).

As proteínas são um grupo de macronutrientes definidos por sua constituição bioquímica de um ou mais polipeptídeos. Para deixar bem claro e resumido de modo que você consiga interpretar, é importante que você compreenda uma coisa: toda proteína é formada, estruturalmente, por uma seqüência de Aminoácidos.

Quando ingerimos o colágeno, ele inicia seu processo digestivo já na boca, através de enzimas, após desce em direção ao esôfago, estômago e intestino. No estômago é que ocorre uma das principais fases deste mecanismo, pois os ácidos farão com que o colágeno se torne absorvível.

O colágeno, assim como as demais proteínas ingeridas, não é absorvido como colágeno e sim como aminoácidos. Os aminoácidos serão utilizados pelas células para produzir diversos tipos de proteínas humanas, inclusive o colágeno, se assim for a necessidade principal do seu próprio corpo. ou seja, o que vale é o estímulo de seu corpo, e não o que você deseja e imagina que acontecerá.

Experimentos com ratos realizados por Oesser et al., para quantificar a distribuição de peptídeos de colágeno, indicaram que após a absorção intestinal, os peptídeos de colágeno se acumularam preferencialmente, na cartilagem e nos ossos.

Sobre a ingestão de colágeno hidrolisado as pesquisas mostram que ocorre uma função terapêutica positiva na osteoporose e osteoartrite, com potencial aumento da densidade mineral óssea, efeito protetor da cartilagem articular e principalmente no alívio sintomático em quadros de dor.

Na literatura científica pesquisada não houve consenso sobre a dosagem
de colágeno hidrolisado a ser administrada , mas observa-se que com a suplementação de 8g diária ocorre um aumento da concentração de glicina e prolina no plasma e doses equivalentes a 12g diária promovem melhora significativa nos sintomas de osteoartrite e osteoporose.

Sendo assim, a ingestão de colágeno, carne, ovo, ou qualquer outra proteína animal, se traduz portanto, no fornecimento de matéria prima, pois a proteína vai ser degradado em aminoácidos constituintes e o corpo vai utilizar esses aminoácidos para produzir suas próprias proteínas de colágeno de acordo com o tipo e a necessidade. Num paciente idoso, onde ocorre o envelhecimento não só da pele mas de todo seu organismo, é difícil acreditar que o colágeno ingerido vai ser utilizado pela célula para produzir colágeno para tratar rugas, sendo que outros tecidos mais importantes, como por exemplo os ossos também vão estar necessitando de colágeno!

Outro ponto importante é que o colágeno é produzido pelos fibroblastos que com o tempo vão perdendo sua capacidade de síntese, então para um resultado mais eficaz não basta apenas ingerir colágeno é necessário estimular a capacidade de síntese dos fibroblastos, e isso é possível ingerindo a vitamina C, que desempenha um papel importantíssimo nesse processo.

Tanto o envelhecimento quanto a má alimentação podem afetar a demanda de colágeno no corpo. O ideal a ser feito é seguir uma dieta onde ingesta alimentar supra as necessidades recomendadas tanto de energia, quanto de macro e micronutrientes. Sendo que a nutrição balanceada é essencial não só para prevenir doenças crônicas, mas também para manter a saúde do corpo e garantir seu funcionamento adequado. Se tiver dúvidas procure uma nutricionista, na maioria dos casos é melhor se alimentar de carne, legumes, carboidratos e verduras do que de cápsulas. E não esqueça o colágeno é uma proteína assim como carne e ovos e que todas as proteínas se tranformam em aminoácidos!

 


Dra Raquel Vale. Graduada em Fisioterapia pela UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí, (2004). Pós-graduada em Fisioterapia Dermato Funcional, CBES , Curitiba(2010). Graduanda em Biomedicina- Uniavan- Balneário Camboriu 2019.

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